Bairro das Artes: "Isto não é um evento à tuk tuk"
"Chiquíssimo! Até parece uma coisa a sério." É o arquiteto Manuel Aires Mateus quem graceja ao espreitar três desenhos seus emoldurados e já pregados a uma parede da galeria João Esteves de Oliveira, número 38 da Rua Ivens, que vai ter à Faculdade de Belas Artes de Lisboa. A exposição é exatamente aquilo por que chama o seu nome: Caderno de Alhambra. São os desenhos que Aires Mateus fez para o projeto arquitetónico que apresentou no concurso para o Átrio de Alhambra, entrada daquele lugar de palácios mouros em Granada, Espanha.
Primeira particularidade, antes do traço, do arquiteto, da ideia e de Granada: Quando, amanhã, a exposição inaugurar, será um dos 30 eventos de arte que terão lugar na sétima colina de Lisboa, entre o Largo do Rato e o Cais do Sodré. Tal faz de todas essas ruas - que atravessam o Bairro Alto e o Chiado - o Bairro das Artes, noite que marca a rentrée cultural da capital.
Entre as 19.00 e as 23.00, e pelo sexto ano consecutivo, as galerias abrem as suas portas fora de horas, museus como o do Chiado ou o de São Roque tornam-se gratuitos, e as pessoas podem passear-se pelas casas da arte contemporânea como quem, de loja em loja, comprasse os presentes na véspera de Natal. Os responsáveis da noite são Ana Matos, da Galeria das Salgadeiras, e o artista Cláudio Garrudo, que encontraríamos na Galeria das Salgadeiras, Rua da Atalaia, mais acima.
Ainda Rua Ivens. Alguns dos seus esquissos - páginas do caderno - já estão na parede, outros esperam o final da montagem. Ao preparar-se para a fotografia, Manuel Aires Mateus esvazia os bolsos. Num deles, um caderno A6. Dali a pouco tempo apanharia um avião. Na mala, um caderno A5. E quando ali chegou naquela manhã passara já pelo ateliê: caderno A4.